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UFRPE celebra primeiro ano de atividades do Instituto Menino Miguel

A Universidade Federal Rural de Pernambuco celebrou, na última quarta-feira (13/10), o primeiro ano de funcionamento do Instituto Menino Miguel (IMM). O evento aconteceu no auditório do Centro de Ensino de Graduação (Cegoe), campus Dois Irmãos, Recife, e contou com a presença do Reitor da UFRPE, Marcelo Carneiro Leão, Mirtes Renata de Souza, mãe de Miguel Otávio, equipe do IMM, autoridades e convidados.

Ao longo de um ano de trabalho, o IMM realizou diversos projetos vinculados à promoção dos direitos humanos, infância e adolescências, cuidado humano, família, envelhecimento, velhices e idosos. O professor Humberto Miranda, diretor do IMM, destacou as ações desenvolvidas apesar das dificuldades da pandemia e de cortes orçamentários.

“Foi um ano de muitos desafios. Implantar um Instituto no cenário pandêmico foi um deles. Mas, as coordenadorias trabalharam de forma muito integrada, as metas foram alcançadas graças ao planejamento estratégico condizente com o cenário atual”, destacou Humberto.

“Tivemos o total apoio da Reitoria e da própria família de Miguel. Mirtes, Marta e Paulo foram muito parceiros. A Mirtes chegou a afirmar que há uma “família Instituto Menino Miguel” isto nos emociona muito. Por fim, é preciso se mobilizar cada vez mais em defesa de uma Universidade comprometidas com as causas sociais e com os direitos humanos. O IMM tem esta razão de ser”, enfatizou o diretor do IMM.

A mãe de Miguel Otávio, Mirtes Souza saudou o primeiro ano do IMM: “Só tenho gratidão a todos os que fazem o IMM, que mesmo diante de todas as dificuldades e isso enche meu coração de orgulho. Tenho certeza de que meu filho está feliz no céu, porque vocês estão honrando o nome dele; cuidando das pessoas da mesma forma que ele nos tratava”, afirmou.

Site e Documentário

Durante a solenidade de celebração do primeiro aniversário do IMM, foi exigido um vídeo documentário sobre as atividades e importância do Instituto. Também foi realizado o lançamento do site oficial do IMM na internet (www.institutomeninomiguel.ufrpe.br).

Solenidade

Raquel Braga, cargo xxx, afirmou que a contemplação da Secretaria de Educação pela criação de instituto tão humano em um momento de crise das humanidades. “vivemos uma crise humana, pandemica, humanitária e a criação do IMM é algo que resgata isso”

Hugo Monteiro, coordenador do Núcleo do Cuidado Humano (NCH), trouxe em sua fala a importância de contar com Adriana Calcanhoto como embaixadora do IMM e a preocupação da UFRPE na criação do NCH. “Em 2018, professora Maria José de Sena (ex-reitora da UFRPE) nos procurou preocupada com o aumento de casos de aumento de doenças mentais preocupantes e nos propôs a criação do espaço. O número de pessoas que nos procurou foi muito grande e a partir daí começamos, já em 2019, terapias integrativas, como a ioga para ajudar na saúde mental.”

O professor ainda destacou que durante a pandemia as atividades foram além as pessoas fora da comunidade acadêmica, devido à necessidade crescente de apoio durante o período de crise global. Isso levou à UNICEF procurar o NCH para trabalhar sobre a questão da saúde mental nós adolescentes e jovens. Surgiu, então, o projeto PODE FALAR, que atendeu mais de 30.000 pessoas desde março de 2021.

A Coordenadora do Observatório da Família, professora Raquel Uchôa, tratou sobre a crise ética que vivemos e foi escancarada durante a pandemia. “Toda essa crise ética que nossa sociedade vive fez com que nos juntássemos, ficássemos mais próximos, mais fortes e, quem sabe, do tamanho do Miguel.” A professora destacou ainda a razão do nome do instituto. “O nome não deveria ser Miguel Otávio, mas Menino Miguel porque ninguém deve morrer menino”.

Nayana Pinheiro, coordenadora do Núcleo de Envelhecimento, Velhices e Idosos (NEVI), contou como surgiu a ideia de trabalhar com pessoas idosas: “Perdi meu avô para o Alzheimer. Ele parou de me reconhecer. Eu pensei no que eu podia fazer e que eu não queria que isso acontecesse comigo”. A docente ainda pontuou a necessidade de valorização dos idosos no atual período histórico: “No Dia das Crianças postamos fotos de nós mesmos crianças. Fazemos isso no Dia do Idoso? Precisamos pensar na nossa velhice, que é o bem maior que temos, que passamos em nossa vida. De que forma olhamos para as pessoas idosas? Precisamos olhar bem para elas”, refletiu.

Teresa Leitão, Deputada Estadual e representante da comissão de educação da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), trouxe a reflexão sobre as perdas e dificuldades trazidas pela pandemia “Temos os órfãos da Covid-19 e não e não sei como lidaremos com isso em nossas escolas. Temos o adoecimento mental pelo isolamento. Passamos a adjetivar as aulas como remotas ou presenciais. Acredito que o IMM conseguiu traduzir algo que Mirtes falou, ‘do luto à luta’“, afirmou.

A deputada ainda falou do papel social da Universidade, que não é apenas um espaço meramente acadêmico. “A universidade é um espaço de cuidado, de ajuda, não apenas um local acadêmico, de estudos e ciência. O papel social da universidade é importante no cuidar das pessoas”, disse.

Marcelo Carneiro Leão, Reitor da UFRPE, destacou que a UFRPE tem por sua história ser uma universidade inclusiva. “Em 2012, quando eu ainda era vice-reitor, caiu para votar a lei das cotas nas universidades e que teríamos quatro anos para implementar os 50%. Defendi, desde o começo, que implementássemos o valor integral de cara. Conseguimos. Penso que precisamos, com responsabilidade, acabar com alguns “mitos” que existem em nossa sociedade.”

O reitor destacou que as crises existem para serem superadas. “hoje vivemos a crise humana, do negacionismo. A crise financeira a gente supera. Não será a primeira, nem será a última. Mas a crise humana é a mais grave. Hoje vemos o projeto da deputada Marília Arraes sobre a distribuição de absorventes. Isso não é uma questão financeira, mas de sanidade. Aqui na UFRPE aprovamos um auxílio menstrual para as nossas estudantes de recorte social. Aqui não haverá veto, já está aprovado”.

“Sem educação, ciência e tecnologia nenhum país se desenvolve. ir. As universidades se fortalecem com fortes políticas de investimento e isso é fundamental em qualquer democracia. Uma universidade que não realiza seu papel social não é completa. A universidade não vai naufragar e este tempo de ignorância e negacionismo irá passar. Precisamos reverenciar os mais de 600.000 mortos pela Covid-19, mas precisamos mostrar pra sociedade que é com educação e cidadania que traremos de volta ao nosso país a dignidade e o respeito”, finalizou o reitor da UFRPE.